Ao escolher o tema da edição desta semana me vi defronte a um dilema que muita gente já deve ter vivido. Qual é a melhor estratégia contra um inimigo: o ataque ou a indiferença? Quando uma amiga paulistana me alertou a respeito da realização de um congresso integralista em São Paulo no último fim de semana, a minha primeira vontade era de atacar. Com a cabeça fervendo de indignação, eu sentia que precisava escrever algo sobre o assunto. O integralismo é um movimento ultra-conservador, de extrema-direita. É uma espécie de fascismo tupiniquim, cujo lema é “Deus, família e pátria”. O integralismo surgiu na Era Vargas em contraposição ao crescimento do comunismo no País. Por alguns anos, os integralistas, liderados por Plínio Salgado, tiveram o apoio do então ditador. Mais tarde, quando preteridos por Vargas, tentaram um fracassado golpe contra o Palácio Guanabara. Seus integrantes foram aprisionados e o movimento se esvaziou. Porém, tal como aqueles monstros do cinema americano que teimam em ressuscitar, eis que, em pleno século 21, com a democracia restaurada e o Brasil sendo governado por um ex-operário (ou talvez exatamente por isso) essa praga ressurge das cinzas distribuindo panfletos a convocar um congresso. Entre os palestrantes, estava previsto na programação o nome do eterno candidato à presidência da República, o nervosinho Enéas Carneiro, o homem que quer desenvolver a bomba atómica brasileira.