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Renascer

Rede Globo - 20h30

De 08 de março de 1993 a 13 de novembro de 1993

Renascer

Novela de Benedito Ruy Barbosa

Direção: Luiz Fernando Carvalho, Emilio di Biasi e Mauro Mendonça Filho

Elenco

Antônio Fagundes Luiz Carlos Arutin Leonardo Vieira
Adriana Esteves Jofre Soares Fernanda Montenegro
Marcos Palmeira Chica Xavier Patrícia França
Taumaturgo Ferreira Cosme dos Santos José Wilker
Osmar Prado Iris Nascimento Gésio Amadeu
Patrícia Pillar Jackson Costa Ana Lucia Torre
Tarcísio Filho Tereza Seiblitz Solange Couto
Cecil Thiré Leila Lopes Beth Erthal
Herson Capri Paloma Duarte Cacá Carvalho
Nelson Xavier Maria Luiza Mendonça Cyria Coentro
Luciana Braga Jackson Antunes Leonardo Brício
Claudia Lira Marco Ricca Pablo Sobral
José de Abreu Oberdan Júnior Rita Santana
Roberto Bomfim Isabel Fillardis Toninho da Cruz
Regina Dourado Cassiano Carneiro  
Eliane Giardini Kadu Moliterno  

Abertura

Trama

A trama que marcou o retorno de Benedito Ruy Barbosa à Globo era dividida em duas fases, exatamente igual a Pantanal. Na primeira, o ainda adolescente José Inocêncio se apaixonou à primeira vista por Santinha. Foi correspondido. Mas, mesmo assim, passou por poucas e boas entes de tê-la como sua mulher. Nessa empreitada amorosa, José Inocêncio enfrentou a oposição de Belarmino – protetor da doce Santinha. Conseguiu vencê-lo, é verdade, mas acabou sendo acusado de assassiná-lo. O que deu origem a muitos episódios dramáticos no decorrer da novela. José Inocêncio terminou casando-se com sua amada. Os dois se entregaram a incansáveis noites de amor e tiveram vários filhos. Todos homens: José Augusto, José Bento e José Venâncio. Na quarta gravidez, no entanto, aconteceu uma tragédia. A doce Santinha morreu logo após o nascimento de João Pedro. Isso causou um drama sem proporções. O inconsolável coronel não perdoou o recém-nascido. Passou a culpá-lo pela morte de sua querida mulher. O tempo passou. José Inocêncio remoeu a dor da solidão e envelheceu rapidamente. Seus três primeiros filhos cresceram, viraram homens e foram estudar na cidade grande. João Pedro pegou no pesado na lavoura e continuou renegado pelo pai. Começou, então, a segunda fase da história. E, justamente quando os filhos de José Inocêncio já eram adultos, Mariana desembarcou no bordel de Dona Jacutinga. Ela tinha um segredo. Era neta de Belarmino e queria vingar a morte do avô. Ou seja: pretendia destruir o coronel. O destino decidiu ajudá-la: colocou João Pedro em seu caminho. Apaixonado e também com pena da jovem, ele resolveu abrigá-la na fazenda de sua família. A partir desse momento, tudo mudou como num passe de mágica. O velho coronel apaixonou-se por Mariana e começou a disputá-la com seu filho menos querido. Como ela reagiu? Mesmo tendo uma forte atração por João Pedro, entrou no jogo de José Inocêncio.

Usou e abusou da sedução para poder levar a cabo sua vingança. Mas foi traída por seus sentimentos. No meio do percurso, passou a gostar do homem a quem devia odiar. Ainda seu saber por quem seu coração batia mais forte, se pelo pai ou pelo filho, Mariana casou-se com José Inocêncio. Já acostumado a ser passado para trás pelo coronel, o rejeitado João Pedro resignou-se. Mas apenas a princípio. Com o passar dos dias, tanto ele quanto sua amada voltaram a sentir uma forte atração. Qual foi o fim desse triângulo amoroso? Só o decorrer da novela disse. Muita coisa ainda estava na cabeça de Benedito Ruy Barbosa. Mas já se sabia: Renascer retomou a tradição das tramas rurais com lindas paisagens e muita emoção pela frente.

Comentário

Renascer possuía o tempero necessário a um bom e apetitoso folhetim eletrônico. Misturava ingredientes como amor, intriga, mortes e vingança a triângulos amorosos simplesmente escandalosos. O mais explosivo deles tinha em seus vértices o coronel nordestino José Inocêncio, João Pedro e Mariana. Nada menos do que pai, filho e uma espertíssima garota de bordel. Personagens fortes, cenários deslumbrantes, um texto bem construído e interpretações simplesmente irretocáveis transformaram Renascer num dos maiores sucessos da história da teledramaturgia brasileira. Mais ainda. Ao manter uma média de audiência em torno dos 70 pontos, quase 60 milhões de telespectadores, a história de Benedito Ruy Barbosa recuperou o prestígio do horário nobre da Globo. Ingredientes como belas paisagens, conflitos entre coronéis, filho enjeitado e matadores de plantão transformaram Renascer em um sucesso absoluto, tanto de público quanto de crítica. Em Renascer, Antônio Fagundes demonstrou novamente porque é considerado um dos atores brasileiros mais completos de todos os tempos. Em seu primeiro papel rural, emprestou um tom lírico, quase poético, ao carismático José Inocêncio. Foi ainda mais longe. Como de hábito, tornou o adjetivo perfeito pobre demais para classificar sua interpretação. Exagero? De forma alguma. Do início ao fim da saga cacaueira, Fagundes esteve soberbo! Tereza Seiblitz, Marco Ricca, Jackson Costa, Paloma Duarte, Jackson Antunes e Isabel Fillardis deram show de interpretação e comprovaram ser muito mais do que promessas. O charme e o talento de Eliane Giardini e Regina Dourado fascinaram a todos. Atores como Luciana Braga, Leila Lopes, José Wilker e Grande Otelo tiveram atuações marcantes. Cada qual com um personagem fascinante. Patrícia Pillar, Luiz Carlos Arutin, Osmar Prado, Roberto Bomfim e Nelson Xavier brilharam em papéis dificílimos. Conclusão: tudo isso, somado a temas polêmicos, como espiritualismo, hermafroditismo, menores abandonados, machismo, dogmas religiosos e a existência do diabo, fez da cruzada do coronel José Inocêncio e de seus filhos um marco de nossa televisão.

Bastidores

A cena da crucificação de Padre Lívio foi um dos trunfos da parceria perfeita de Benedito Ruy Barbosa e Luiz Fernando Carvalho. No capítulo, o autor dizia apenas que os dois trocavam o primeiro beijo. O diretor, no entanto, viajou. Decidiu reviver a epopéia de Jesus Cristo e Maria Madalena. Deu um trabalhão, é verdade. Afinal, Luiz Fernando fez questão de cuidar de cada um dos detalhes do take. Desde a fixação do ator na cruz até a filmagem… Valeu a pena. O resultado foi simplesmente genial. Logo nos primeiros capítulos, aliás, uma enorme polêmica tomou conta do país. Todo mundo procurava entender o drama da hermafrodita Buba.

Discutia-se a possibilidade de alguém ter dois sexos. Pois bem. Com o passar do tempo, o autor elucidou o caso. De forma didática, mas nada maçante, explicou que algumas pessoas nascem mesmo com os órgãos genitais masculino e feminino. Deixou claro, porém, que a anormalidade é bastante rara. Outra história que deu o que falar foi a do cramulhão engarrafado.

Durante a empreitada para conquistar um “cadinho de terra”, Tião se dispôs a fazer um pacto hediondo. Ofereceu a vida de um dos filhos em troca da ajuda diabólica. Felizmente, no entanto, não teve de cumprir sua parte. Antes que cometesse tamanho desatino, viu o demônio ser devorado por um bando de galinhas famintas. Também o assunto mediunidade mereceu grande destaque em Renascer. Através de Teca e Inácia, o novelista enfocou a vidência, as premonições. Por intermédio de Santinha, falou da vida após a morte. Tratou dos temas com a propriedade de quem já passou por experiências semelhantes. Mais uma matéria que se tornou de domínio público foi o celibato. Nos embalos da paixão de Lívio por Joaninha, os telespectadores começaram a debater um antigo dogma da Igreja: de os padres devem ou não de casar. Como se tudo isso não fosse suficiente, o machismo e o problema dos meninos de rua foram focalizados com maestria.

Curiosidades

Esta é uma informação enciclopédica, que pouquíssima gente sabe: Renascer foi escrita em 1974, depois de uma viagem que Benedito Ruy Barbosa fez ao setor baiano. Outra curiosidade é sobre a escalação do elenco. Quem via as atuações brilhantes de Antônio Fagundes, Fernanda Montenegro, Taumaturgo Ferreira e Adriana Esteves nem imaginava que, a princípio, nenhum deles deveria estar na novela das oito. Só que essa é a pura verdade. Quando terminou de escrever a sinopse da história e reuniu-se com o diretor Roberto Talma para discutir a contratação do elenco, Benedito Ruy Barbosa tinha outras estrelas em sua cabeça. Olhe como era o elenco original: Claudio Marzo (José Inocêncio), Letícia Sabatela (Mariana), Angelo Antonio (João Pedro), Tarcísio Filho (José Augusto), Marcos Winter (José Bento), Tadeu Aguiar (José Venâncio), Andrea Beltrão (Walquíria), Lima Duarte (Venâncio), Joana Fomm (Quitéria) e Sebastião Vasconcellos (Belarmino). “Eu e o Roberto Talma escolhemos os nomes que considerávamos ideais na época. Mas alguns atores não puderam entrar na novela por causa de outros compromissos. Não pude contar com grandes atores, mas ganhei outros tão bons quanto. O elenco da minha novela, aliás, é de primeira linha”, afirmou Benedito Ruy Barbosa na época.

Fotos

Trilha Sonora

  • AI QUI SAUDADE DE OCÊ (Fábio Jr.)
  • ALÉM DA ÚLTIMA ESTRELA (Maria Bethânia)
  • CHEIRO DE SAUDADE (Ney Matogrosso)
  • CONFINS (Batacoto e Ivan Lins)
  • DE VOLTA AO COMEÇO (Roupa Nova)
  • DITO E FEITO (Roberto Carlos)
  • DOIS CORAÇÕES (Nana Caymmi)
  • EM NOME DO AMOR (Agnaldo Rayol)
  • ESSA TAL FELICIDADE (Tim Maia)
  • EU QUERO MEU AMOR (Elba Ramalho)
  • JOANINHA (Itamara Koorax)
  • LAVRADOR (Moraes Moreira)
  • LINDEZA (Caetano Veloso)
  • LUA SOBERANA (Sérgio Mendes)
  • ME DIZ (Fagner)
  • MEMÓRIAS (Franco Perini)
  • MENTIRAS (Adriana Calcanhoto)
  • O LADO PRÁTICO DO AMOR (Guilherme Arantes)
  • PALAVRA ACESA (Quinteto Violado)
  • PARABOLICAMARÁ (Gilberto Gil)
  • RENASCER (Franco Perini)
  • ROMANCE (14 Bis)
  • SETE DESEJOS (Alceu Valença)
  • SÓ PRA TE MOSTRAR (Daniela Mercury e Herbert Vianna)
  • SPORT TIME (Sunshine Orchestra)
  • TO AIM (Franco Perini)