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O Rei do Gado

Rede Globo - 20h40

de 17 Agosto de 1996 a 14 Fevereiro de 1997

O Rei do Gado

Novela de Benedito Ruy Barbosa

Direção: Luís Fernando Carvalho

Elenco

Antônio Fagundes Oscar Magrini Tarcísio Meira
Glória Pires Iara Jamra Eva Wilma
Patricia Pillar Chica Xavier Raul Cortez
Letícia Spiller Luciana Vendramini Carlos Vereza
Leonardo Brício Maria Helena Pader Vera Fischer
Claudio Corrêa e Castro Paulo Coronato Ana Beatriz Nogueira
Fábio Assunção Amilton Monteiro Walderez de Barros
Stênio Garcia Marcello Antony Ana Rosa
Bete Mendes Mariana Lima Sergio Reis
Silvia Pfeifer Lavinia Vlasak Almir Sater
Jackson Antunes Caco Ciocler Jairo Mattos
Rogério Marcio Manoel Boucinhas  

Abertura

Sinopse

De um lado, família de Mezenga (Antônio Fagundes). De outro, a de Berdinazi (Tarcísio Meira). No meio, uma faixa de terra quase insignificante, motivo de uma briga eterna entre esses dois velhos e teimosos imigrantes italianos, símbolos da obstinação do homem do campo. Esse é o ponto de partida da trama, que começa retratando a decadência do ciclo do café no interior paulista, atravessa o período em que o Brasil entra em guerra e expõe um quadro bastante realista da vida rural daquele tempo até hoje. Enfocando a realidade dos sem-terras.

Trama

Dirigida por Luiz Fernando Carvalho, fiel escudeiro de Benedito Ruy Barbosa, O Rei do Gado passou-se em duas fases como ocorreu com Renascer, último trabalho em que a dupla fez parceria. A primeira, em 1943, durou apenas sete capítulos. E apresentou ao público os Mezenga e Berdinazi, famílias originárias da Itália que viviam em eterna guerra. Devido a um dos costumeiros caprichos do destino, esses clãs enfrentaram uma situação que, ao menos a princípio, lembrou bastante a de Romeu e Julieta, no clássico romance de Shakespeare: Henrique – filho de Mezenga e Nena – se apaixonou perdidamente por Giovana – a caçula de Berdinazi e Marieta. E teve sua paixão correspondida.

O problema era que eles não conseguiam ficar juntos de jeito nenhum… Ora por intransigência dos Mezenga, ora por intransigência dos Berdinazi. Então, fugiram de casa e foram morar num endereço desconhecido. Lá, começaram a lidar com a criação de bovinos, enriqueceram e, melhor ainda, tiveram um lindo herdeiro, Bruno.

Quando começou a Segunda fase da história, Bruno, já com 53 anos, transformou-se no rei do gado. Estava casado e Léa e era pai de Marcos e Lia. Vale registrar ainda que ninguém imaginava – só os telespectadores, é claro – que ele também era um Berdinazi, pois assinava apenas como Mezenga.

A essa altura, seu relacionamento andava capengando. Não por sua causa. Afinal, manteve-se fiel e cumpridor de suas obrigações. Mas por responsabilidade de Léa, que se mostrava totalmente insatisfeita com ele. E viveu um caso extraconjugal com Ralf.

Esse adultério, felizmente, logo chegou aos seus ouvidos através de Lia, que ao acaso descobriu os motivos das constantes saídas noturnas de sua mãe, Léa. E resolveu colocá-lo a par de tudo, por achar que ele não merecia passar por bobo. Pois, justo na época em que seu casamento desmoronou, Bruno deu a sorte de conhecer uma linda e íntegra camponesa em sua fazenda do Araguaia: Luana. E apaixonou-se à primeira vista.

Daí para a frente, ele enfrentou a incompreensão de Marcos e Lia, que não se conformavam sob hipótese alguma com esse novo romance. Além disso, era atormentado por Léa, que queria porque queria meter a mão em uma razoável fatia de sua fortuna. Cansado de tantas pressões, Bruno abriu mão de todos os seus bens e foi viver como bóia-fria junto com Luana. Foi mais ou menos nesse período que acabou tomando conhecimento de que sua mulher era uma Berdinazi.

Do outro lado da história, Geremias Berdinazi tornou-se o rei do café e do leite e carregava o remorso de ter roubado as terras da mãe Marieta e da irmã Giovana, além de ter enganado o irmão Giácomo, que morreu pobre e acompanhado da família num caminhão de bóias-frias. Rico, mas solitário, procurava um herdeiro. Neste momento, apareceu a misteriosa Rafaela que dizia ser filha de Giácomo e assim se apresentava a Geremias.

Cleverson Uliana

Opinião

Eu não conheço o universo dos Sem-Terra, jamais escreveria sobre um assunto que eu não conheço, e as vezes a impressão que eu tenho é que quando um autor mexe com determinado tema, no caso os Sem-Terra, com aquela visão do intelectual que discute o problema da fome comendo caviar, bebendo “champagne” francês. A Patrícia Pillar como Sem-Terra não convence de jeito nenhum, tanto que ela não era exatamente Sem-Terra, aquele velho gancho do folhetim, ela era descendente de alguém que possuia posses.

O que eu detesto é essa utilização da novela não como conscientização e sim como panfleto. A utilização da novela por outros interesses é uma coisa que me irrita muito.

Comentário

Já que o apocalipse não tinha acontecido nem mesmo em O Fim do Mundo, a Globo pretendeu comprovar que a teledramaturgia brasileira também não estava condenada à extinção. Justamente por isso, escalou nomes de primeiríssima linha para dar vida aos personagens de O Rei do Gado. Entre eles, Antônio Fagundes, Glória Pires, Patrícia Pillar, Fábio Assunção, Raul Cortez, Sílvia Pfeifer, Letícia Spiller, Tarcísio Meira, Eva Wilma e Vera Fischer. Enganou-se, no entanto, quem imaginou que esse elenco estelar foi a única arma da emissora carioca para recuperar o glamour do horário nobre. Nada disso! Saudosa dos tempos em que tramas como Vale Tudo e Roque Santeiro arrebentavam a concorrência com índices de audiência que superavam 80 pontos, a Globo não economizou nos detalhes que transformaram uma simples novela num sucesso inesquecível. Só para se ter uma idéia, os estúdios do Projac quase não foram utilizados nesta superprodução assinada por Benedito Ruy Barbosa. Com o objetivo de dar mais veracidade às cenas, optou-se por gravar a maioria das seqüências nas cidades paulistas de Ribeirão Preto, Altinópolis, Batatais, Guarujá e Amparo. E ainda em Guaxupé, Minas Gerais. No Araguaia, Pará. E em Roma e Pistoia, na Itália.

Mais preocupada com a qualidade de O Rei do Gado do que com cifras, também gastaram-se rios de dinheiro com a preparação dos atores. É isso mesmo…

Muitos deles passaram semanas fazendo laboratório para tornar seus personagens praticamente reais aos olhos dos telespectadores. Patrícia Pillar, por exemplo, ficou um tempão em Indaiatuba, interior de São Paulo, levando um dia-a-dia de uma autêntica bóia-fria. Escoltada por um segurança da Globo, levantou várias vezes de madrugada para trabalhar na roça e conviveu com os trabalhadores de um canavial, já que essa foi a ocupação de sua Luana.

Outros que entraram nessa louca aventura foram Letícia Spiller, Manoel Boucinhas, Leonardo Brício, Marcelo Antony e Caco Ciocler. Eles aprenderam a lidar com a lavoura de café nas proximidades de Serra Negra, São Paulo, pois essa era a atividade de seus personagens na primeira fase da história. Enquanto isso, Fábio Assunção, Stênio Garcia e Bete Mendes permaneceram uma temporada no Araguaia para conhecer os segredos da montaria e da condução das avoadeiras, embarcações fluviais típicas da região, onde na ficção se localizou a maior fazenda do protagonista Bruno. No decorrer da trama, os mais elogiados pela imprensa foram Antônio Fagundes, Glória Pires, Patrícia Pillar, Raul Cortez e Walderez de Barros. Também tiveram atuações marcantes e elogiadas Sílvia Pfeifer, Guilherme Fontes, Carlos Vereza, Bete Mendes, Ana Rosa, Maria Helena Pader, Paulo Coronato, Mara Carvalho, Tarcísio Meira, Eva Wilma, Vera Fischer, Claudio Correa e Castro e Regina Dourado.

“A trama de Benedito entrou naquele ponto em que a história fica patinando e pouca coisa, quase nada, acontece.” (Leila Reis, colunista, crítica de televisão e presidente da Associação Paulista de Críticos de Artes) “O sotaque ridículo de Fagundes, os figurinos horríveis de Luana e Léia e o mal-aproveitamento de Glória Pires comprometeram a obra.” (Sônia Abrão, colunista de TV) “Benedito Ruy Barbosa seduziu o público com sua bela história rural, captando o coração interiorano que palpita no agito urbano.” (Ofélia E. Torres Morales, doutoranda em Jornalismo e integrante do Núcleo de Pesquisa de Telenovela da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) “O Rei do Gado trouxe belíssimas e emocionantes cenas, discutiu questões sociais e temáticas atuais, mas, sobretudo, contou uma história de amor à terra, deixando muitas saudades. Um marco da teledramaturgia brasileira. (Ismael Fernandes, jornalista, colunista de televisão e autor do livro “Memória da Telenovela Brasileira”) O Rei do Gado estreou com média de 51 pontos no ibope atingindo picos de 63 de audiência, e sua trilha sonora vendeu em trinta dias mais de 1,5 milhão de discos. Foi escolhida a melhor novela do ano no 2º Prêmio Contigo! e no Troféu Imprensa.

Cleverson Uliana

Fotos

Trilha Sonora

  • A primeira vista (Daniela Mercury)
  • Admirável gado novo (Zé Ramalho)
  • Boiadeiro errante (Pirilampo e Saracura)
  • Brasil poeira (Pirilampo e Saracura)
  • Cabecinha no ombro (Pirilampo e Saracura)
  • Caminhando só (Evara Zan)
  • Cidade grande (Metrópole)
  • Coração sertanejo (Chitãozinho & Xororó)
  • Correnteza (Djavan)
  • Cortando estradão (Pirilampo e Saracura)
  • Doce mistério (Leandro & Leonardo)
  • Eu te amo, te amo, te amo (Roberta Miranda)
  • La forza della vita (Renato Russo)
  • Mia gioconda (Chrystian, Ralf e Agnaldo Rayol)
  • No fim do asfalto (Orquestra da Terra)
  • O que vem a ser felicidade (Orlando Morais e Dominguinhos)
  • Pirilume (João Paulo & Daniel)
  • Rei do gado (Orquestra da Terra)
  • Rei do gado (Pirilampo e Saracura)
  • Sem medo de ser feliz (Zezé di Camargo & Luciano)
  • Sia mariquinha (Dominguinhos)
  • The woman in me (Shania Twain)
  • Travessia do rio Araguaia (Pirilampo e Saracura)
  • Vagabundo (Pirilampo e Saracura)
  • Vaqueiro de profissão (Jair Rodrigues)
  • Você vai gostar (Pirilampo e Saracura)

Tema de Abertura

“Sou desse chão onde o rei é peão,

com o laço na mão, laça fere e marca,

deixando a ilusão de que tudo é seu, com coragem de quem vive, luta, sonha,

vencer mais feliz e quem sabe será, voam livres pensamentos seus,

que vão pelo ar, e o fazem sonhar

e sentir-se um deus,

sou desse chão, sou da terra raiz, sou a relva do campo, e pra sempre serei,

ser mais feliz e quem sabe será, e sentir-se um deus.”